Mais uma vez o radicalismo tomou conta de um debate que deve ser levado muito mais a sério - as queimadas. Não vou falar apenas da Amazônia, porque esse não é um problema localizado e sim nacional. Ardem o Norte do país, o Centro-Oeste e o Sudeste, como creio que vários leitores do sul fluminense podem testemunhar.
Esse não é um problema de hoje, as queimadas há décadas são umas das maiores causadoras de perda de fauna e flora; destruição do solo; responsáveis por uma série de doenças respiratórias; e interferem nas questões climáticas. Por isso é necessária uma política de estado (e não apenas a ação de um governo) para que essa adversidade seja contornada.

Soluções possíveis
E aí fica a reflexão: como podemos, como sociedade, ainda usar a queimada, mesmo sabendo de tudo de mal que ela nos faz?
Como homem nascido e criado no campo e membro da Frente Parlamentar da Agropecuária, sei que o pequeno produtor rural tem muitas dificuldades para fazer o manejo correto das suas terras e opta pela queimada por não conseguir arcar com os custos com mão de obra.
Enquanto tivermos milhares de famílias vivendo da agricultura familiar, de subsistência, competindo com os grandes agricultores, onde as economias de escala são gigantescas, não haverá solução e o fogo continuará a queimar o nosso meio ambiente.
Experiências passadas do Estado do Rio de Janeiro podem apontar uma solução – uma delas é a remuneração do produtor rural por serviços prestados à preservação do meio ambiente. Em vez de punir, coagir ou obrigar o produtor rural a ideia é trazê-los para “o lado bom da força”, mostrar a importância da preservação para eles e para a sociedade e trazer benefícios mais diretos e imediatos pelo seu esforço.
Ou seja, por mais que a Embrapa desenvolva técnicas e cultivos que não dependam de queimadas, por mais que o problema seja explicado ao homem do campo, por mais que se mostre que a longo prazo o problema vai se agravar, porque não há como competir com o estômago vazio. Logo, o incentivo é necessário.
Panorama Internacional
A demora na resolução do problema prejudica a imagem do Brasil no exterior e atrapalha acordos comerciais, principalmente relacionados ao agronegócio, que hoje corresponde a 23,5% do Produto Interno Bruto (PIB) país e emprega 18,20 milhões de pessoas, de acordo com pesquisas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP).
Por isso peço as nossas autoridades que por esse momento deixem as diferenças políticas de lado e pensem no enfrentamento desse problema no curto, médio e longo prazo. Não importa qual ano teve a maior incidência de queimadas, importa o hoje e o amanhã, já que para podermos produzir com quantidade e qualidade e sermos sustentáveis precisamos de água em abundância, clima estável e solo saudável.
Um abraço e a torcida e trabalho para um futuro melhor!
Deputado Luiz Antônio.