Valença – A Prefeitura Municipal, com apoio do deputado federal Luiz Antonio Correa, está buscando a permuta de significativa área de terra no terreno que pertence, atualmente, ao Exército Brasileiro. O espaço solicitado ao Governo Federal perfaz quase quatrocentos mil metros quadrados de extensão e poderá abrigar um conjunto residencial popular, um cemitério, o novo parque de eventos da cidade e um distrito industrial. O processo está sob análise do Comando do Exército.
Marco Toledo, diretor do Departamento de Obras Conveniadas, na Gerência de Projetos da Prefeitura de Valença, explicou que, desde 2017, o prefeito Luiz Fernando Graça vinha buscando áreas para instalar novo empreendimento de habitação popular, além da instalação de novo cemitério, outra demanda importante da cidade. Ele destacou ainda a necessidade de locais para o surgimento de novas fábricas e o desejo do prefeito de criar novo espaço para eventos. “Quem tem uma área ampla, que poderia fazer uma negociação com o Município, é o Exército”. Ele lembra que foi feito levantamento inicial e se constatou que haveria uma área com 375 mil metros quadrados. “Houve interesse do Exército!”, ressalta. Na época, o comandante do 1º Esquadrão Tenente Amaro, então major Rafael Pereira, solicitou que a Prefeitura enviasse ofício, o que ele direcionou ao Comando do Exército para dar prosseguimento.
O vice-prefeito Hélio Suzano contou que, em 2018, o deputado federal Luiz Antonio, solicitado pelo prefeito, conseguiu, através do advogado Marcelo Ricardo dos Reis, agendar reunião com o vice-presidente da República, Hamilton Mourão. “O vice-presidente nos recebeu de forma muito calorosa e se colocou à disposição. Quando saímos de lá e já estávamos chegando em Valença, o prefeito recebeu a ligação do atual comandante, coronel Angelo Moreira, do Esquadrão Tenente Amaro, dizendo que havia recebido uma ligação do Rio de Janeiro, do Comando Leste, dizendo que era para marcar uma reunião com o prefeito, porque o vice-presidente já tinha ligado para ele”. O deputado Luiz Antonio acredita que o que o projeto precisava para decolar era de um padrinho. E esse foi o vice-presidente Mourão. “O primeiro passo foi encontrar um primeiro padrinho para esse projeto, que por intermédio do amigo Marcelo Reis, foi o nosso vice-presidente General Mourão. Ele concordou com a ideia e marcou uma reunião com o General de Divisão Fernando José Sant’Ana Soares – da 1ª Região Militar, que foi supersolícito e abraçou esse projeto. Agora o Exército cuidará da parte de topografia para que a iniciativa possa avançar e o terreno ser cedido para a Prefeitura”.
Segundo o diretor Marco, essa reunião gerou nova visita técnica de engenheiros e topógrafos à área. Ele conta que o Exército aceita fazer uma permuta: o valor da área será orçado em casas para os oficiais. De acordo com Marco, a ideia inicial é a de construir os quatro equipamentos públicos (conjunto residencial popular, cemitério, distrito industrial e parque de eventos), mas ainda não há projeto elaborado para nenhum deles. Marco informa que é necessário, primeiro, adquirir o espaço. “Se a gente não conseguir pegar a área toda, a gente vai ver o que é prioritário.
Valor é fundamental
Hélio conta que será o exército quem vai avaliar a área pretendida e definir o valor para aquisição. Segundo o vice-prefeito, o comandante Soares, do Comando Leste, teria dito que, por se tratar de área rural, o valor não seria muito elevado. “O tamanho do terreno também está condicionado a essa questão do valor. [...] Tem que ter esse parâmetro até para saber nossas condições financeiras”.
De acordo com Hélio, a área solicitada pela Prefeitura fica do lado direito da estrada da Passagem (no sentido Passagem), em frente à mina de água. Marco aponta que o terreno é bem espaçoso e permitira a implantação dos quatro equipamentos públicos com folga. Contudo, na necessidade de reduzir a área para adequar o valor a ser pago, a prioridade seriam as casas populares, parque de eventos e o cemitério. Ele explicou ainda que, em paralelo, estão buscando junto ao Governo Federal quais são os novos formatos para a construção de casas populares, pois saber o tipo de financiamento seria essencial para avaliar quanto de investimento o Município poderia investir. Marco Toledo não acredita que a implantação em conjunto dos quatro equipamentos públicos naquela área possa ser conflitante. “Isso tudo depende de um bom projeto. Se você faz um bom projeto e percebe que alguns desses equipamentos não iam se adequar bem àquela área ali, se retiram!”, lembrou ele, ressaltando ainda a importância de que as instalações atendam à legislação ambiental.
O deputado Luiz Antonio confirmou que não há possibilidade de conflitos entre os equipamentos. “Os lotes serão doados pela Prefeitura para a população carente com água, calçamento, luz e rede de esgoto. Também haverá a construção de um cemitério. Hoje as pessoas enterram os entes em outra cidade (Rio das Flores) ou muito distante como em Quirino e Esteves. É claro que é preciso equilibrar essas atividades. As empresas que desejarem se instalarem, precisarão respeitar uma série de Leis para obter a licença, não pode ser qualquer companhia, devido à localização. O uso do Parque de Exposições também não será diário, será algo equilibrado, para que sejam respeitados os moradores não só da localidade, mas do distrito sede, pois sabemos que os eventos movimentam a região”. O deputado afirmou que pretende acompanhar o projeto, mas tem certeza que o prefeito Luiz Fernando Graça, um dos mais empolgados com a iniciativa, não errará na mão. “Conto com a Prefeitura para ser grande parceira desse projeto. Vejo o sistema ‘formiguinha’ o ideal para esse projeto – a Prefeitura cuida da urbanização e infraestrutura das ruas e lotes e as pessoas com o apoio devido vão construindo suas casas”, afirmou ele, lembrando que a proximidade do distrito industrial com o condomínio popular poderá gerar empregos para os moradores daquele novo bairro.
Hélio defendeu a construção do parque multiuso para a realização de eventos. “Um parque de eventos, que hoje em dia, é o mais moderno de se falar. Versátil, que agregue várias coisas, que possa se autocustear, com vários eventos, com oficinas culturais dos empreendedores. Hoje, nós não temos em Valença. Hoje, nós temos uma grande dificuldade. Nós acabamos usando direto o Jardim de Cima, que poderia ser usado duas, três vezes no ano, a gente acaba usando mais porque não tem outros espaços! O centro da cidade não comporta grandes eventos”, afirmou, destacando, como exemplo, a Festa do Dia dos Trabalhadores que, pelo tamanho, teve que ser realizada no Campo do Santa Rosa. Quanto a prazos, o vice-prefeito afirmou que verdadeira “força-tarefa” está imbuída de fazer o processo andar. Destacou o deputado Luiz Antonio como um dos mais engajados no processo. Segundo ele, o comandante Soares ficou de solicitar agilidade do 1º Esquadrão Tenente Amaro na parte plantas do terreno. Hélio informou que a Prefeitura vai contribuir, verificando a situação do Registro Geral de Imóveis (RGI).
Unidade militar
Hélio Suzano e Luiz Antonio falaram também sobre a importância do Esquadrão Tenente Amaro. Questionados por que Valença não pode seguir o exemplo de Resende, que cresceu em volta de uma grande estrutura do Exército – AMAN -, afirmaram que a unidade de Valença tem grande papel histórico. “A unidade de Valença, aos poucos, está se tornando uma Unidade Histórica, de muito prestígio. O vice-presidente da República conhece muito, profundamente, o nosso Esquadrão Tenente Amaro. Esteve diversas vezes aqui. [...] Muito prestigiada, com muita relevância e, cada vez mais, vai se tornando uma área de treinamento e uma área histórica. [...] E cada vez mais, acho que esse processo vai aumentar. Eu também temia: ‘será que, um dia, o Esquadrão vai acabar?’. Eu vi lá que não. Eles têm um carinho muito grande pelo Esquadrão Tenente Amaro!”, afirmou Hélio.
O deputado concorda. “Temos um Esquadrão histórico que foi à Guerra, ajudou a derrotar o nazifascismo e que inclusive deveria ter mais reconhecimento histórico e de fato seria bom termos um maior apoio. É uma ideia que respeito e vou dentro das minhas possibilidades tentar ajudar. Resende hoje é uma das cidades mais desenvolvidas do Sul Fluminense, mas também conta com uma localização privilegiada, pois está na rota da Dutra e isso facilita a chegada de investimentos”.